Qual é o estado da infraestrutura na América Latina? (Série: 1/3)

Já é senso comum que a priorização dos investimentos em infraestrutura é ponto chave para impulsionar o crescimento econômico, especialmente nos países em desenvolvimento que ainda têm um amplo caminho para percorrer em catch up aos países desenvolvidos. A situação atual da infraestrutura na América Latina, no entanto, não é favorável. De acordo com o Banco Mundial, o Leste Asiático e o Pacífico investem aproximadamente 8% do PIB em infraestrutura, enquanto na América Latina e Caribe se investe apenas cerca de 3% do PIB.

Figura 1 – % do PIB investido em infraestrutura

percentual do pib investido em infraestrutura, por região continental

Fonte: Banco Mundial (2017).

CONJUNTURA

O estado atual da infraestrutura física da região não atende às necessidades de desenvolvimento ou competitividade, nem está alinhado com as expectativas de suas populações. Na abertura dos dados da tabela acima, percebe-se que os investimentos anuais em infraestrutura variam de 2 a 4% do PIB em média, colocando a América Latina em desvantagem na comparação com a maioria das regiões. No entanto, os investimentos atuais variam muito de um país para outro, com a média da região sendo em grande parte impulsionada por Argentina, Brasil e México (que representam quase 4/5 do PIB da América Latina). A Argentina gasta aproximadamente 5% do PIB em infraestrutura, enquanto o Brasil e o México gastam menos de 1%. Vale ressaltar que, apesar de seu tamanho menor, países como Bolívia, Costa Rica, Honduras, Nicarágua e Panamá têm investido mais de 4% do PIB em infraestrutura. Essencialmente, não há um padrão claro relacionado ao tamanho do país ou ao nível de renda e a quantidade de investimentos em infraestrutura.

Quanto a América Latina deveria estar gastando em infraestrutura? Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a lacuna de infraestrutura na América Latina é estimada em cerca de US$ 150 bilhões/ano. As necessidades de investimento em infraestrutura estimadas estão entre 4 a 8% do PIB, e parece haver um consenso sobre uma necessidade mínima para reposição da capacidade instalada que ronda de 4 a 5% do PIB.

SANEAMENTO

Entre os modais mais essenciais para os índices de desenvolvimento humano estão água e esgoto. Com cerca de 94% dos domicílios tendo acesso à água potável, a América Latina está se saindo bem em comparação com outras regiões em desenvolvimento. No entanto, ainda há espaço para melhorias. Segundo o Banco Mundial, cerca de 20 milhões de lares ainda não têm acesso à água potável, e a maioria deles estão em áreas rurais concentradas em 6 países: Brasil, Colômbia, Equador, Haiti, México e Peru. De acordo com o BID, a proporção da população rural com acesso à água encanada é de aproximadamente 55%, enquanto menos de 10% da população rural tem acesso a sistemas de esgoto. No Brasil, em particular, com dados do SNIS (Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento), o atendimento da rede de água alcança 85% da população, enquanto o atendimento da rede de esgoto alcança somente 56% da população nacional.

Figura 2 – Evolução % da população latino-americana com acesso a serviços de infraestrutura

evolução do percentual da população latino-americana com acesso a serviços de infraestrutura (2008 x 2018)

Fonte: BID (2020).

Em geral, o acesso à água tem aumentado na região, no entanto, a qualidade e a segurança da água permanecem um problema, especialmente no que diz respeito ao acesso a esgoto e tratamento de águas residuais – das quais apenas 30% estão sendo tratadas. Essa situação é preocupante, pois não está de acordo com os níveis de renda e urbanização que a América Latina tem experimentado nos últimos anos.

Continua…

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